sábado, 25 de setembro de 2010

A opção pelo voto nulo...


Recebi o texto do meu amigo Bogóloff sobre as eleições brasileiras e o voto nulo. Parece mais um desabafo, mas como julgo de interesse comum, publico aqui. Espero que aproveitem a leitura. A escrita é um pouco descuidada, ainda falta estilo ao Bogóloff...
Silva M. O.



As eleições estão chegando (03 de outubro) e os eleitores vivem num impasse sobre em quem, ou como, votar. Eu, particularmente, tenho justificado meu voto, pois me encontro freqüentemente fora da região em que registrei meu título de eleitor, porém sou partidário do voto nulo, não como dogma, mas como forma de protesto. Sei que isso pode soar infantil, ou remeter a uma rebeldia gratuita. Vou me explicar...
A cada eleição percebo o quanto o circo eleitoral, sem menosprezo aos circos “comuns”, é infantil. Os candidatos, como já observado por um dos pretendentes à presidência, utilizam um discurso com altas doses de “bom mocismo” (pura enganação!). Além de empregarem, em seus programas e discursos, psicologia barata e pedagogia infantil. Tratam os eleitores como burros ou incapazes de raciocínio e se propõem a executar obras impossíveis ou proteger os cidadãos. Não obstante, as faltas de raciocínio e memória são percebidas nos resultados das urnas eletrônicas a cada dois anos.
Cada vez mais os candidatos percebem o caráter ridículo do horário eleitoral, o que se nota pelas “propostas” de Clodovil (esse já foi...), Ronaldo Ésper (não sou homofóbico), Bozo, Tiririca, Maguila, ex-jogadores de futebol, etc. Não preciso dizer que por agora, eles ainda não possuem programa “sério”. Depois de eleitos, o partido logo arruma algumas posturas para eles. Falei do Clodovil, pois ele foi eleito com uma propaganda, no mínimo, estranha e com propostas que não diziam nada a ninguém. Eles não são os únicos. Os candidatos “sérios” também falam, falam e nada dizem.
Essa seriedade não me engana. Tentam passar a idéia de que o jogo político é sério e necessário. Cada vez mais é difícil acreditar nisso. Lima Barreto citava Bossuet, quase cem anos atrás, para falar que o fim da política deveria ser tornar a vida dos seres humanos mais fácil e feliz. O próprio Barreto não cansava de mostrar que a política de sua época, “republicana”, se esforçava por, ao contrário, tornar os brasileiros cada vez mais infelizes. Percebo, sem muita dificuldade, que a realidade do começo do século passado é semelhante a nossa.
Quanto aos partidos, suas nomenclaturas não possuem mais significado. Só há situação e oposição, que se sucedem e se atacam, mas agem de forma idêntica e sob os mesmo ideais. Além de sociais-democratas e “trabalhadores”, temos “democratas”, “progressistas”, “liberais”, “socialistas”, “comunistas”, “republicanos” (?) – todos a compactuar com a velhacaria. Fazem jogo partidário, jogo político a todo momento. O que rege as atitudes dos partidos e dos políticos é o interesse, seja ele qual for, mas nunca, de forma alguma, o da população.
A imprensa, da mesma forma, age com “seriedade”. Empurra o eleitor aos políticos sólidos; a candidata do atual presidente e o principal candidato de oposição (antiga situação, mas perceba que não houve mudança significativa de um governo para o outro). Os jornais participam do jogo político e, por meio do discurso, dão sua contribuição para um ou para outro. Os donos dos jornais também têm seus interesses. Por que não poderiam ter?
E esse show de horrores se depara com a população de dois em dois anos. E de dois em dois anos esses candidatos correm atrás dos eleitores, se apertam em ônibus e se esmagam em metrôs, percorrem ruas e pontos movimentados, distribuem autógrafos, posam para fotos e estampam belas notas em seus sites. Após a eleição? Não caminham pelos mesmos lugares. É que, quando eleitos, andam sempre ocupados, sem tempo para esclarecimentos e contatos com a população. Foi Proudhon quem disse que a partir do momento em que entrou para a Assembléia Nacional ficou distanciado do povo e que os representantes da população são aqueles que mais ignoram os desejos e as necessidades desta.
Mas estive todo esse tempo a desabafar contra o jogo político que me esqueci de justificar o voto nulo. O voto nulo não possui grande eficácia. Ele é desacreditado pela maior parte da população brasileira. Ela acredita que aqueles que votam “nulo” não cumprem com seus deveres de cidadão e que não podem exigir nada após anularem seus votos. Ao que parece, após leitura de diversos debates a respeito, o voto nulo não possui diferença do voto em branco, sendo ambos considerados não válidos para o resultado das eleições. Para mim, o voto nulo é ideológico, é uma forma de mostrar que algo está errado e que não concordo com essa farsa política. Contudo, ele não faz a revolução social, mas serve como amostragem do descontentamento para a elite, que participa do jogo, e também para os subversivos, inconformados e descontentes com esse sistema eleitoral, político e social. Serve como uma espécie de retorno, de estatística para planejar métodos de ação. O voto em branco, ao contrário, seguindo o que o nome indica, aponta para uma aceitação do estado das coisas e que apenas falta um candidato apto a receber o voto. Isto, é claro, interpretando semanticamente ambos os termos. Na prática, para o sistema eleitoral, não dizem nada.
Esta opção, pelo voto nulo, pode servir para começar uma reflexão sobre a obrigatoriedade do voto. Mas isso é outra história e tema para outro texto...
Portanto, senhores, após anular o voto não mantenham sua consciência limpa pensando que já fizeram a sua parte. Há muito o que fazer e tantas batalhas ainda por perder (como dizem os Mariachi Guerrilla)...

Dr. Bogóloff

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Centro de Cultura Social - Programação Outubro 2010

02/10 Sábado - 16h
"A trajetória do Centro de Cultura Social (1933-2007)", com Lúcia Parra (Historiadora formada pela USP e integrante do CCS).

16/10 Sábado - 16h
Eu, ator e anarquista: homenagem a Chico Cuberos”. Exibição do último trabalho teatral de Chico Cuberos, o monólogo O último programa de Cubanacan (texto e direção de Alberto Centurião).

23/10 Sábado - 16h
“O paradigma indiciário na construção do conhecimento” [II], com Anna Gicelle Alaniz (Doutora em História pela USP e integrante do CCS).

Centro de Cultura Social
Rua General Jardim, 253 Sala 22 (próximo ao metrô República)
São Paulo

sábado, 18 de setembro de 2010

Aurora Obreira 05 - Setembro/Outubro 2010


Divulgo aqui mais uma publicação de cunho anarquista. Trata-se da Aurora Obreira n° 5, uma revista anarcossindicalista ligada à FOSP-COB (Federação Operária de São Paulo e Confederação Operária Brasileira), referente aos meses de setembro e outubro.
Para ter acesso à revista, clique aqui!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Conheçam o CICAS

O CICAS (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social) é um espaço autônomo que funciona onde jazia um centro comunitário abandonado. O local foi recuperado e hoje hospeda diversas atividades culturais como oficinas de teatro, literatura, música e meio ambiente, aulas de artesanato, inglês e dança do ventre, e ainda contação de histórias e capoeira. Exemplos tirados do "cardápio" de setembro.

De setembro a outubro o CICAS promoverá a II Mostra de Teatro de Rua da Zona Norte (de São Paulo) - 19/09-31/10.

Recentemente, este espaço esteve prestes a ser demolido:

1ª parte


2ª parte



Mas, ao que parece, permanecerá ativo e construindo resistência cultural.

Para quem quiser conhecer de perto:
CICAS São Paulo
Avenida do Poeta, 740
Jd. Julieta, São Paulo
http://projetocicas.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Morte acidental de um anarquista, Dario Fó - em espanhol

Como percebi que houve procura pela obra dramática do italiano Dario Fó aqui nesse blog, resolvi disponibilizar para download um arquivo em pdf com a peça em espanhol.
Clique aqui para baixar!

sábado, 11 de setembro de 2010

El Surco 19 - Setembro 2010

Agora já está disponível o periódico chileno El Surco n° 19 de Setembro. Trata-se de um número especial abordando o bicentenário da independência chilena, a situação dos mineiros, com destaque para o "caso bombas" (anarquistas presos por suspeita de atentados a bomba).
Para ler, clique aqui!


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Centro de Cultura Social - Programação Setembro/10

18/09 Sábado - 16h
"O movimento punk numa história do anarquismo no Brasil"
Bruno Pereira de Oliveira (Historiador formado pela PUC-Campinas)

Centro de Cultura Social
Rua General Jardim, 253 Sala 22 (próximo ao metrô República)
São Paulo

Hypomnemata 124 (Agosto) - Boletim mensal Nu-Sol

Também já se encontra há algum tempo no ar o boletim mensal do Nu-Sol, o hypomnemata 124, referente ao mês de Agosto.
O tema é a Ação Direta.

Segue um trecho do texto, com um resgate do termo ação direta:

"A ação direta aparece, inicialmente, no interior das práticas anarquistas do século XIX, situada por Proudhon, sem dar-lhe esse nome, como atitude antirrepresentativa vinculada à criação de formas autogestionárias de vida: eliminação da representação política e das mediações nas relações produtivas e nas práticas associativas.
Mais tarde, a ação direta aparece como sinônimo de propaganda pela ação e é identificada com as práticas terroristas. Depois, o sindicalismo revolucionário a relacionou à ação sindical e a designou como propaganda pelo fato: tática revolucionária dos sindicalistas antipartidários, que viam no sindicato a viabilização da revolução, sem mediações vanguardistas. Como tal, tornou-se identificada ao anarco-sindicalismo.
Émile Pouget afirma que a ação direta é a ruína do espírito de submissão e resignação como materialização do princípio de liberdade. Seguindo as pegadas de Proudhon, ele considera que é no movimento que se diferenciam as ações revolucionárias, ponto que será mais tarde enfatizado por Errico Malatesta.
Voltairine de Clayre (a anarquista mais dadivosa e brilhante da América, segundo Emma Goldman, a mulher mais perigosa da América) é ainda mais enfática. A ação direta pode ser violenta ou não; ela antecipa qualquer lei e acontecimento revolucionário; está nas relações cotidianas contra as desigualdades; volta-se contra a autoridade, a favor de desobediências. A ação direta violenta alerta os indiferentes que a opressão se tornou intolerável, ou como disse Émile Henry: soa a voz da dinamite, ato de sabotagem, boicotes como uma atividade incansável.
É pela ação direta, e não pelos pronunciamentos, que os problemas se tornam evidentes!
Desde então, a ação direta retoma sua amplitude como prática anarquista em qualquer ocasião diante de qualquer centralidade.
"

Lembro também, aos parcos leitores, que o mesmo grupo publica as flecheiras libertárias todas as terças-feiras.
Para ler a Hypomnemata 124 clique aqui!
Para o sítio do Nu-Sol

El Surco 18 (Chile) e El Libertario 60 (Venezuela)


Com quase um mês de atraso divulgo a décima oitava edição do El Surco, referente ao mês de agosto, e a hexagésima do El Libertario, referente aos meses de setembro-outubro.
Recomendo ambos para conhecer um outro ponto de vista dos países nos quais são publicados e para se ter uma opinião desde a perspectiva de ambos sobre temas locais e universais. Os dois periódicos têm seção dedicada à América Latina e ao mundo, além da maior parte dedicada ao Chile e à Venezuela, respectivamente.

Para ler El Surco 18 clique aqui! - A edição de setembro já foi anunciada, mas o link está com problema.

Para ler El Libertario 60 clique aqui! (Direção para o índice de conteúdos, mas também há um link para que se possa baixar o periódico)